Moça morena e ágil, o sol que faz as frutas,
o que dilata os trigos, o que retorce as algas,
fez o teu corpo alegre, os luminosos olhos
e essa boca que tem o sorriso da água.
Um sol negro e radioso enrola-se nos fios
da negra cabeleira, quando estendes os braços.
Tu brincas com o sol como se fosse um esteiro
e ele deixa-te nos olhos dois escuros remansos.
(Pablo Neruda)
Um comentário:
Escrevo no Dia da Mulher que, ao fim e ao cabo, é para mim inteiramente anacrónico, dado que todos os dias são das mulheres e dos homens e das crianças e da Vida. Foi a sociedade de consumo que instituiu dias para tudo (curiosamente menos para os homens) com a intenção que todos bem conhecemos.
Há infelizmente muitos homens que necessitam lhes seja recordado - pelo menos, uma vez por ano, por mais ridículo que isso seja - o valor e a magia das mulheres autênticas. Se calhar, porque não as conhecem, como nós. Quero dizer: como nós os dois.
A mim, o Dia da Mulher serve-me para prestar às mulheres que amo e admiro uma homenagem especial, mas que não é nem maior nem mais intensa que o amor e admiração que tenho por elas no meu quotidiano.
Vindo finalmente ao teu quadro, gosto dessa mulher concentrada, a jorrar vida e beleza, de corpo alegre e boca com o sorriso da água.
Permite-me avançar um pouco no poema do nosso grande poeta e concluir com ele a minha visão da mulher: "Borboleta morena, suave e definitiva / como o trigal e o sol, como a papoila e a água".
Ainda bem que me ajudaste a falar da MULHER, no dia que lhe é especialmente dedicado. E que vivam as nossas MULHERES. Um grande abraço.
Postar um comentário