PRESÉPIO

Com garrafas de sumo, copo de yogurte,

bolas de pin-pong, páginas de lista telefónica,

cola, água , tintas, purpurinas e muita paciência,

nasceu este presépio que todo o ano está exposto.

(no reutilizar materiais , nasceu esta obra).

VERTIGENS

Dá vertigens ao mar e azula a areia,

E a terra segue-a em êxtases suspensa.

PINTURA IMAGINADA

Transforme-se o amador na cousa amada,

Por virtude do muito imaginar;

Não tenho logo mais que desejar,

Pois em mim tenho a parte desejada.

(Luís de Camões)

RECICLANDO

Pedaços de jornal, mergulhados durante algum tempo

em água, vinagre e cola, depois triturados,

resulta a pasta de papel.

Depois de moldado, seco e pintado, eis a obra final.

Um prato decorativo, eu gosto...

TEIA

Eu fui marcando com cruzes de fogo,

o Atlas branco do teu corpo.

A boca era uma aranha que corria a esconder-se,

em ti, atrás de ti, temerosa, sedenta.

(Pablo Neruda)

BRAÇOS ABERTOS

Troncos secos de camarneira, depois de limpos

e envernizados, colados numa base em fusing.

resultou esta bela escultura que faz lembrar

"Braços abertos"

ALVORADA

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada

que seja a minha noite uma alvorada,

que me saiba perder,

para me encontrar.

(Florbela Espanca)

PASSOS DA CRUZ

Disperso ... E a hora como um leque fecha-se ...

Minha alma é um arco tendo fundo ao mar ...

O tédio? A mágoa? Avida ? O sonho ? Deixa-se ...

E, abrindo as asas sobre renovar,

A erma sombra do vôo começando

Pestaneja no campo abandonado.

( Fernando Pessoa )