domingo, 25 de setembro de 2011

OUTONO



No entardecer da terra

O sopro do longo outono

Amareleceu no chão.


Um vago vento erra,

Como um sonho mau num sono,

Na lívida solidão


Soergue as folhas, e pousa

As folhas, e volve, e revolve,

E esvai-se inda outravez.

Mas a folha não repousa,

Eo vento lívido volve

E expira na lividez,


(Fernando Pessoa)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Fernando Pessoa




Venho de longe e trago no perfil,
Em forma nevoenta e afastada,
O perfil de outro ser que desagrada
Ao meu actual recorte humano e vil.

(FERNANDO PESSOA)

sábado, 17 de setembro de 2011

New York (de Rita & João)







Resplandeces e ris, ardes e tumultuas;

Na escalada do céu, galgando em fúria o espaço,

Sobem do teu tear de praças e de ruas

Altas de ferro, Atneus de Pedra e Brontes de Aço.

Mas, como as tuas Babéis, debalde o céu recortas,

E pesas sobre o mar, quando, quando o teu vulto assoma,

Como a recordação do Tebas de cem portas.




(Olavo Bilac)