quinta-feira, 15 de março de 2007

Bolas de Sabão


As bolas de sabão que esta criança
Se entretem a largar de uma palhinha
São translucidamente uma filosofia toda.
Claras, inúteis e passageiras como a Natureza,
Amigas dos olhos como as coisas,
São aquilo que são
Com uma precisão redondinha e aérea,
E ninguém, nem mesmo a criança que as deixa.
Pretende que elas são mais do que parecem ser.
Algumas mal se vêem no ar lúcido.
São como a brisa que passa e mal toca nas flores
E que só sabemos que passa
Porque qualquer coisa se aligeira em nós
E aceita tudo mais fácilmente.
(Alberto Caeiro)

2 comentários:

Anônimo disse...

Tive alguma dificuldade em "interpretar" este quadro, se calhar por querer aproximá-lo do belo poema de Alberto Caeiro. E mais uma vez me perguntei se foi de facto o poema que deu origem ao quadro.
Mas depois, pensando bem, cheguei à conclusão de que, mais do que tentar interpretar, o que é preciso é "sentir" e para isso deixar-se invadir pelo jogo harmonioso das cores e traços diversificados que nos fazem entrar no mundo da ARTE pura... Foi o que fiz e regressei aos tempos em que, à janela, fazia bolas de sabão "claras, inúteis e passageiras como a Natureza e amigas dos olhos como as coisas". Obrigado, Álvaro, por nos ajudares a sonhar! Um abraço.

Primas disse...

é um jogo, a inocência das brincadeiras... estou lá, nos meus 5 anos... a fazer bolas de sabão com a Kela na varanda sobre o olhar atento da minha mãe, numa noite de verão... :)

Ru