terça-feira, 19 de março de 2013

Embondeiro da Zé





.. De clima tropical,
Xerófila vegetal,
Eu sou !
Eu sou...
De corpo cavernoso
E tronco garrafal
Enorme. Não formoso
,
Árido, descomunal,
De ramos levantados,
 
(Erguidos pr'os céus)
Nus (de folhas despidos),
Rigando preces a Deus
Estou!
Às chuvas, aos ventos...
Titã rofo, rigente,
De andrajos vestido.
Meu fruto, meu rebento,
Em meus braços detido,
Lembra rato pendente
Pelo rabo sustido.
Em campo desolado
De vastidão sem fim,
Meu corpo se ergueu,
Cresceu... cresceu...
E a meu lado o capim.
Que tristeza!

Que
solidão!
Se me vem... olham... olham...
Miram... remiram e passam.
Desilusão!
Em minha sombra não descansam!
De corpo hirto descomunal,
Informe (por vezes rachado)...
Lanço os meus braços aos céus
E grito! Oh meu Deus
Antes fosse rasteiro
Pasto de animal!
Não! ... serei o que sou enorme...
Alto, disforme...
Até no nome sou enorme...
EMBONDEIRO!... EMBONDEIRO
Eu sou!

IGOR

2 comentários:

Anônimo disse...

Espectáculo!!!

Está num lugar principal e quando olho, recordo o autor, com muito carinho!

Obrigada
MJM

samorim disse...

É mesmo este o embondeiro que ficou plantado no nosso imaginário, após a passagem por Angola.
Braços suplicantes, saudade de folhagem.
Espetral na lonjura e aridez da paisagem africana.